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Maria Pace Chiavari


Atualização versus expansão (1888-1908)


A história do Moinho Fluminense é marcada pelos permanentes processos de atualização de seu equipamento e pela expansão do seu território. No final de 1888, como indica a história relatada pelo Centro de Memória Bunge, é assinalada a compra de novas máquinas com o objetivo de incrementar o ritmo de produção.62  [VII]

Para melhorar a organização do trabalho, em 1889, é anexado, ao conjunto arquitetônico existente, um imóvel de três andares na Rua da Saúde, destinado à administração.

Em 1904, enquanto grandes solenidades movimentam o Rio de Janeiro por ocasião da abertura da Avenida Central, evento fundamental na carreira de Antonio Jannuzzi, motivos de saúde afastam Carlos Gianelli do trabalho. Nesse mesmo ano, ele viaja para a Itália, deixando a direção do estabelecimento nas mãos do irmão Leopoldo. Dois anos depois, em 1906, Carlos falece aos 53 anos. Por meio de cartas de familiares, é possível reconstruir parte da história desse ilustre personagem, que residia na fazenda Guaxindiba, próxima de Niterói, levando um estilo de vida aristocrático.63 O jornal O Fluminense, ao prestar homenagem, apresenta o finado, natural de Montevidéu, como “antigo negociante e industrial” e organizador da Tramway Rural Fluminense, que ligava Niterói ao município de São Gonçalo. Entre as atividades exercidas por Carlos Gianelli, é também mencionado o cargo de cônsul do seu país e sua nomeação a cônsul honorário de Legação Oriental na capital federal.64

As mudanças na sua direção não abalam o desenvolvimento do próprio estabelecimento de moagem de trigo, que, em 1908, vê sua consolidação no mercado. É demonstração disso a presença do Moinho Fluminense no Palácio das Indústrias, no âmbito da Exposição Nacional de 1908, em comemoração ao centenário da Abertura dos Portos às Nações Amigas, competindo com o Moinho Inglês.

É interessante lembrar que, na mesma exposição, a firma Antonio Jannuzzi, Irmão & Cia. apresenta os retratos fotográficos das 26 melhores obras realizadas, entre as quais o Moinho Fluminense.65 Tal publicação, já mencionada, produzida pela tipografia do Jornal do Commercio, traz lembranças da antiga ligação de seu dono, José Carlos Rodrigues, com Antonio Jannuzzi, desde os tempos em que hospedara, na sua casa, o amigo em dificuldades.66

[VII]
O renovado maquinário do Moinho Fluminense

O conjunto do maquinário, em 1887, era composto por: 33 moinhos de trigo, 20 purificadores, 30 centrífugas e cernideiras, 20 máquinas para peneirar, 40 de limpar trigo e vários outros aparelhos. A capacidade do Moinho Fluminense, no início de seu funcionamento, era de 80 toneladas por dia. Com esses novos instrumentos, em setembro de 1888, chegou a triturar de 110 a 120 toneladas de trigo diariamente. 
(HISTÓRICO DO MOINHO FLUMINENSE. São Paulo: Centro de Memória Bunge, 2011. p. 4)



62. O objetivo era conseguir triturar de 110 a120 toneladas de trigo a cada 24 horas.
63. Archivo Elvira Gianelli. Preito de saudade a Leopoldo Gianelli. Rio de Janeiro, 22 dez. 1927. Disponível em: <https://www.geni.com/people/Santiago-Giacomo-Gianelli-Carozzi/296341406180008031>. Acesso em: mar. 2021.
64. O Fluminense, 14 mar. 1908.
65. A produção fotográfica é realizada pelo estabelecimento fotográfico L Musso & Cia.
66. RICCI, G. B. Antonio Jannuzzi, Irmão e Cia. na Exposição Nacional do Rio de Janeiro MCMVIII. Rio de Janeiro: Typographia do Jornal do Commercio de Rodrigues & C., 1908.