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Maria Pace Chiavari


Mudanças no caminho


Sala de machinas: quadro de alta tensão. Foto de M. Rosenfeld, 1936. ACERVO CENTRO DE MEMÓRIA BUNGE
Sala de machinas: quadro de alta tensão. Foto de M. Rosenfeld, 1936. ACERVO CENTRO DE MEMÓRIA BUNGE

O clima de incerteza que vai se instaurando na capital, na passagem do Império à República, incentiva os irmãos Jannuzzi, em 1889, a explorarem novos caminhos. Uma vez tomada a corajosa, e talvez imprudente, decisão de fechar a firma Antonio Jannuzzi & Irmão, grande parte do capital é investido na recém-criada Companhia Evoneas Fluminense.32 Ajudam a entender tal repentina escolha as facilitações fiscais concedidas pelo governo para a realização de moradias para operários. O assunto empolga Antonio Jannuzzi, que logo faz projetos e questiona o problema das casas para operários no Rio de Janeiro.33 Permanecem artigos e até um livro de sua autoria, em defesa da criação de habitações para trabalhadores, assim como casas a esses destinadas em Botafogo e na Tijuca.34 O entusiasmo, todavia, tem breve duração. Em decorrência da crise que segue o encilhamento, em 1892, a concessão é cancelada e a nova empresa não sobrevive.

Mas coragem não falta à família Jannuzzi, que não leva muito tempo para reabrir a firma com o nome de Antonio Jannuzzi, Irmão & Cia. O recomeço das atividades é marcado, em 1895, pela reestruturação da elegante residência, na Rua das Laranjeiras, de Modesto Leal, para quem a empresa tinha projetado um galpão em Santo Cristo. Todavia, o que permite à firma dar a volta por cima é sua apresentação na Exposição Geral Italiana de Turim, em 1898. Nessa ocasião expõem-se cem registros fotográficos das suas melhores obras. Entre essas, está presente o Moinho Fluminense. Contando com a visita do então rei da Itália, Umberto I, e do presidente do Brasil, Campos Salles, a firma ítalo-brasileira recebe a medalha de ouro como “reconhecimento pelo surpreendente trabalho de italianos no estrangeiro”.35 Antonio Jannuzzi, Irmão & Cia. estará de novo presente na Itália para a Exposição Internacional de Milão, onde é alvo, novamente, de importante reconhecimento.36



32. Decreto n° 10.386, de 5 de outubro de 1889. (RICCI, G. B. Antonio Jannuzzi, Irmão e Cia. na Exposição Nacional do Rio de Janeiro MCMVIII. Rio de Janeiro: Typographia do Jornal do Commercio de Rodrigues & C., 1908. p. 9.)
33. GRIECO, B. Z. A arquitetura residencial de Antonio Jannuzzi: ideias e realizações. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, 2005.
34. JANNUZZI, Antonio & Filhos. Pelo povo: monographia sobre as casas operárias. Apresentada ao IV Congresso Médico Latino-Americano. Rio de Janeiro: Typographia do Jornal do Commercio de Rodrigues & C., 1909.
35. RICCI, G. B. Antonio Jannuzzi, Irmão e Cia. na Exposição Nacional do Rio de Janeiro MCMVIII. Rio de Janeiro: Typographia do Jornal do Commercio de Rodrigues & C., 1908. p. 9-10.
36. GANDINI, G. I calabresi all’esposizione di Milano. Cronaca di Calabria, 19 de julho de 1906. In: CAPPELLI, Vittorio. A belle époque italiana no Rio de Janeiro. Niterói: EdUFF, 2015. p. 100.