Maria Pace Chiavari
Mudanças no caminho
O clima de incerteza que vai se instaurando na capital, na passagem do Império à República, incentiva os irmãos Jannuzzi, em 1889, a explorarem novos caminhos. Uma vez tomada a corajosa, e talvez imprudente, decisão de fechar a firma Antonio Jannuzzi & Irmão, grande parte do capital é investido na recém-criada Companhia Evoneas Fluminense.32 Ajudam a entender tal repentina escolha as facilitações fiscais concedidas pelo governo para a realização de moradias para operários. O assunto empolga Antonio Jannuzzi, que logo faz projetos e questiona o problema das casas para operários no Rio de Janeiro.33 Permanecem artigos e até um livro de sua autoria, em defesa da criação de habitações para trabalhadores, assim como casas a esses destinadas em Botafogo e na Tijuca.34 O entusiasmo, todavia, tem breve duração. Em decorrência da crise que segue o encilhamento, em 1892, a concessão é cancelada e a nova empresa não sobrevive.
Mas coragem não falta à família Jannuzzi, que não leva muito tempo para reabrir a firma com o nome de Antonio Jannuzzi, Irmão & Cia. O recomeço das atividades é marcado, em 1895, pela reestruturação da elegante residência, na Rua das Laranjeiras, de Modesto Leal, para quem a empresa tinha projetado um galpão em Santo Cristo. Todavia, o que permite à firma dar a volta por cima é sua apresentação na Exposição Geral Italiana de Turim, em 1898. Nessa ocasião expõem-se cem registros fotográficos das suas melhores obras. Entre essas, está presente o Moinho Fluminense. Contando com a visita do então rei da Itália, Umberto I, e do presidente do Brasil, Campos Salles, a firma ítalo-brasileira recebe a medalha de ouro como “reconhecimento pelo surpreendente trabalho de italianos no estrangeiro”.35 Antonio Jannuzzi, Irmão & Cia. estará de novo presente na Itália para a Exposição Internacional de Milão, onde é alvo, novamente, de importante reconhecimento.36