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Maria Pace Chiavari


Registros impressos


Fachada do trapiche Modesto Leal no bairro de Santo Cristo. Foto de Mauricio Hora, 2021.
Fachada do trapiche Modesto Leal no bairro de Santo Cristo. Foto de Mauricio Hora, 2021.

A primeira direta referência à planta do novo estabelecimento se encontra na propaganda do jornal Programma Guiador, de janeiro de 1887, onde a nova sociedade Moinho Fluminense Sociedade em Commandita Gianelli &C se apresenta ao público.58

A confirmação dos Jannuzzi como os empreiteiros responsáveis pelas novas instalações acha-se no relato dos sócios do Instituto Philitechnicos, redigido após a visita desses ao canteiro das obras de propriedade dos Srs. Gianelli &C.59 Enriquecem o relato mencionado informações técnicas acerca do processo utilizado na construção das fundações do novo estabelecimento por esse ser próximo ao mar e em terreno resultado de aterro.  [VI]

Já a autoria do projeto arquitetônico, atribuída a Antonio Jannuzzi & Irmão, é confirmada pelo texto redigido por G. B. Ricci e publicado em 1908.60 Ao mencionar as melhores construções realizadas pela dita firma, G. B. Ricci se refere ao “majestoso e colossal” edifício Moinho Fluminense. Tal apreciação encontra eco na crítica contemporânea que atribui particular destaque às construções do dito moinho e do antigo trapiche Modesto Leal.

Exemplos da arquitetura “utilitária” inglesa, essas duas construções conseguem alcançar um perfeito equilíbrio entre a escolha dos materiais, os estilos utilizados e suas funções.61
 
[VI]
“Processo de poço” utilizado nas fundações do Moinho Fluminense

Por se tratar de estabelecimento industrial com uma carga de peso considerável e pelo fato de os terrenos adquiridos para essa finalidade se encontrarem na proximidade da praia, está previsto o uso de fundações realizadas segundo o processo de poços. Tal método é baseado numa sucessão de escavações. Após ter realizada a primeira, de até três metros de profundidade, no fundo das valas são assentados cilindros ocos de madeira. Sobre cada cilindro são colocadas em forma de coroa pedras ligadas entre si por cimento. Enquanto a escavação continua ao interior do cilindro, paralelamente, serve-se de pedras para erigir o muro circular de contenção. O uso de tal método permite à construção descer em função do próprio peso, até chegar à camada resistente. Tais fundações chegam a até 11 metros de profundidade para alcançarem o nível onde se encontra o estrato das rochas. Ao longo do trabalho de escavação, toda a água que aparece é trazida à superfície. Serve-se para isso de uma bomba de força centrífuga americana movida a vapor. 
(Revista de Engenharia, v. 169, n. 2, 1887)

Propaganda da farinha de trigo S. Leopoldo do Moinho Fluminense nas grades de jardins públicos em Belo Horizonte, 1920. ACERVO CENTRO DE MEMÓRIA BUNGE Outdoor do Moinho em Belo Horizonte, Minas Gerais. Na parte de cima do anúncio, o perfil sombreado das instalações no Rio de Janeiro, 1927. ACERVO CENTRO DE MEMÓRIA BUNGE
I. Propaganda da farinha de trigo S. Leopoldo do Moinho Fluminense nas grades de jardins públicos em Belo Horizonte, 1920. ACERVO CENTRO DE MEMÓRIA BUNGE
II. Outdoor do Moinho em Belo Horizonte, Minas Gerais. Na parte de cima do anúncio, o perfil sombreado das instalações no Rio de Janeiro, 1927. ACERVO CENTRO DE MEMÓRIA BUNGE


58. “A subscrição de ações será aberta na London & Brazilian Bank Limited, 4 Rua da Alfandiga, no dia 25 do corrente, onde estará exposta a planta do moinho.” HISTÓRICO DO MOINHO FLUMINENSE. São Paulo: Centro de Memória Bunge, 2011. p. 3.
59. Revista de Engenharia, v. 169, n. 2, 1887.
60. RICCI, G. B. Antonio Jannuzzi, Irmão e Cia. na Exposição Nacional do Rio de Janeiro MCMVIII. Rio de Janeiro: Typographia do Jornal do Commercio de Rodrigues & C., 1908. p. 30.
61. CZAJKOWSKI, Jorge (Org.). Guia da arquitetura eclética no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Secretaria Municipal de Urbanismo. Centro de Arquitetura e Urbanismo de Rio de Janeiro, 2000. p. 62-64.