Mark

Augusto Ivan de Freitas Pinheiro e Eliane Canedo
Pesquisa e colaboração: Cristiane Titoneli


O pau-brasil


A historiadora Joelza E. Domingues2 ressalta que a Caesalpinia brasiliensis, ou echinata, ou ainda ibirapitanga (tupi), já era conhecida de Portugal desde o ano de 1220. Originária de Sumatra, mas identificada também por Cristóvão Colombo nas florestas do Caribe e por Pedro Álvares Cabral na costa brasileira, sua extração foi uma das principais atividades econômicas da colônia, de 1530 a meados do século XIX. A tintura, que ia do vermelho até marrom e púrpura, usada para tingir tecidos nobres, era feita com o produto raspado das árvores, inicialmente conhecido pelos portugueses e pelos espanhóis como brasil, pelos franceses como brézil, e pelos italianos como brazili ou brazire, de brasas, a cor da madeira ardente.

No Brasil, o primeiro carregamento de que se tem notícia foi de fevereiro de 1500, no Nordeste, com destino à Europa. Foi embarcada uma carga de madeira de cerca de 21 toneladas. Ainda segundo Domingues, “a exploração do Pau-Brasil foi feita num ritmo tão feroz que, só no primeiro século de exploração, cerca de 2 milhões de árvores foram derrubadas – uma espantosa média de 20 mil por ano ou quase 50 por dia. Cada navio podia levar cerca de 5 mil toras por viagem. Não é de estranhar, portanto, que já em 1558 as melhores árvores só pudessem ser encontradas a mais de 20km da costa”.3 

O negócio, então sob o regime de monopólio da Coroa, gerou a criação de feitorias, locais cercados para estocar, proteger e comercializar a madeira, e os feitores responsáveis receberam a alcunha de brasileiros, nome dado a esses traficantes ou coletores de pau-brasil que acabou por se estender aos nascidos na colônia. Coincide com a extração da madeira o uso da mão de obra escrava, inicialmente indígena e depois africana. A cidade contava, em 1570, com não mais do que setecentos moradores, aí incluídos os escravizados.

Quando foram introduzidos no Brasil os primeiros escravos não se sabe com certeza. E provável que alguns tivessem sido trazidos por donatários das primitivas capitanias. (...) O tráfico regular, para fornecer braços à lavoura em substituição ao índio, parece ter sido iniciado em meados do século XVI (...). Era a própria Coroa que iniciava o tráfico por sua conta e para seu proveito. Em 1585, segundo Anchieta, já havia na cidade mais de cem escravos provindos da Costa de Guiné. O comércio se fazia em dois sentidos. Na ida iam os navios carregados de aguardente e farinha de mandioca, mercadorias que eram trocadas pelas “peças”.4
 


2. Disponível em: <https://ensinarhistoriajoelza.com.br/exploracao-do-pau-brasil/>. Acesso em: mar. 2021.
3. Disponível em: <https://ensinarhistoriajoelza.com.br/exploracao-do-pau-brasil/>. Acesso em: mar. 2021.
4. COARACY, Vivaldo. Memórias da cidade do Rio de Janeiro: evolução urbanística da cidade do Rio de Janeiro. Belo Horizonte: Itatiaia, 1988. p. 282